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Na narrativa de A Batalha de Mag Tured, é dito que:
"Os Tuatha De Dannan estavam nas ilhas ao Norte do Mundo, ensinando a ciência e a magia, o druidismo, a sabedoria e a arte. E ultrapassaram todos os sábios das artes do paganismo."
Estas ilhas são quatro, e em cada uma delas vivia um druida que reinava numa cidade, Morfesae em falias, Esras em Gorias, Uiscias em Findias e Semias em Murias. Destas ilhas foram levados os talismãs dos principais deuses irlandeses. Além disso, César informa-nos que a doutrina dos druidas "foi elaborada na Bretanha e, daí, pensa-se, foi levada para a Gáulia; e hoje ainda, a maior parte dos que querem conhecer melhor esta doutrina, têm de ir lá para a aprender."
Numerosos autores relatam, além disso, narrativas maravilhosas sobre as ilhas, não longe das costas gaulesas e bretãs, o que a mitologia irlandesa assinala dizendo-nos que certos heróis iam aperfeiçoar-se na Escócia. Cuchulainn trará dali rudimentos de magia e, em geral, esta estada nas terras setentrionais reveste um carácter iniciático.
A propósito das narrativas relatadas por autores gregos, a de Plutarco relativa à ilha de Ogígia é das mais interessantes. Com efeito, o sábio grego fala desta ilha com aquela onde dormiria Cronos. Ora, na interpretação grega, Cronos é o Dis Pater gaulês, deus dos mortos, pai de todos os vivos, tal como o Dagda irlandês, que é dito Eochaid Ollathir, 'pai poderoso', cuja moca mata por uma ponta neste mundo e pela outra ressuscita no Outro Mundo.
O Dagda, que é o deus-druida, o deus dos druidas, não é logicamente aquele para quem os druidas se deviam virar a fim de aprofundar os seus conhecimentos?
Não seria preciso, com certeza, confundir as ilhas míticas e as ilhas bem reais que serviram de santuários sagrados e onde os druidas iam aperfeiçoar o seu saber, mas todavia, quando queremos estudar o mito não é necessário ter medo de reconhecer a sua plena realidade. As ilhas do Norte do Mundo não pertencem ao nosso mundo e é inútil querer situá-las geograficamente, tão inútil como tentar encontrar sobre a Terra o monte Meru da tradição indiana. As ilhas reais, que foram lugares de cultura, são imagens, actualizações de qualquer espécie, das ilhas donde provêm os mais altos conhecimentos. Todavia, tal como o Meru e Tule, cujo simbolismo é bem próximo, as ilhas míticas dos Celtas estão situadas ao Norte, ou a Oeste, o que para os Celtas é o mesmo (...). Esta situação lembra que os sítios míticos são concebidos como centros ou pólos, donde provêm os seres primordiais e o seu saber."- Tierry Jolif, Mitologia Céltica, Hugin, 2004
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