domingo, 2 de dezembro de 2007

Fábrica salva por um euro já factura quase um milhão


Ana Peixoto Fernandes

A fábrica de confecções Afonso-Produção de Vestuário, de Arcos de Valdevez, empresa tomada à força pelas trabalhadoras em Novembro de 2004 para impedir a sua deslocalização para a República Checa, "está de boa saúde e recomenda-se". Actualmente sob a administração de Conceição Pinhão, a funcionária que liderou a luta em prol da permanência da produção em Portugal (e a comprou aos antigos proprietários, simbolicamente, por um euro), a unidade prepara-se para fechar o ano com um volume de negócios de 900 mil euros, quase o dobro do alcançado no primeiro ano de autogestão (500 mil euros em 2005), e com as dívidas liquidadas.

Além dos progressos na facturação e do equilíbrio das contas, a "Afonso" ainda investiu 120 mil euros em maquinaria, contratou cinco novos trabalhadores e atingiu um número recorde de 850 camisas produzidas por dia.

"Quase duplicámos a facturação e a minha expectativa é manter, pelo menos, o nível em que estamos", declarou, ao JN, Conceição Pinhão, anunciando que "2007 é o ano de liquidação e a altura de começar a respirar fundo" na fábrica que administra desde que na madrugada de 29 de Novembro de 2004 os antigos administradores alemães tentar "limpar" o recheio da unidade à socapa, com o intuito de a deslocalizar. Na altura, Conceição, que diz ter "pressentido" a intenção dos patrões, apresentou-se nas instalações, de noite, com um grupo de trabalhadores e juntos impediram o pior.

Depois da tentativa frustrada de deslocalização, a "Afonso" não mais parou de produzir camisas, apesar de os empresários alemães a terem abandonado com 90 trabalhadores, encomendas por satisfazer e dívidas de 250 mil euros. "A dívida que havia quando pegámos na fábrica ficará liquidada no final do mês", assegura a actual administradora, acrescentando que a produção está no seu momento mais alto de sempre, tendo aumentado em cerca de 100 unidades a média de "700 a 750 por dia" que se fazia no tempo dos alemães. O grosso da produção tem como destino a Espanha, seguindo-se a Alemanha e Portugal.

Habituada a escutar palavras elogiosas e apesar das vitórias consecutivas, Conceição Pinhão diz que não se deixa deslumbrar pelo sucesso. "Isto é muito bonito porque corre bem, mas se correr mal, num instante passamos de bestial a besta e eu tenho isso bem presente", conclui.

http://jn.sapo.pt/2007/11/30/norte/f...ra_quase_.html

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