A 29 de Dezembro de 2006 iniciava-se a ocupação da Casa Pound Latina, antigo edifício abandonado e desabitado, localizado num bairro periférico e marginal de Roma, zona de drogas, delinquência e choque intercultural. A Casa Pound Latina (1) é mais um dos vários edifícios romanos reocupados por famílias necessitadas e com múltiplas carências económicas e sociais.
O Mutuo Sociale (2), projecto que defende o direito dos italianos à habitação, é o principal responsável por estas ocupações.
Para além de ter colocado em marcha diversos centros sociais e a ocupação de edifícios destinados a pessoas mais necessitadas, o Mutuo Sociale tem como principal objectivo a instituição de um referendo que aprove uma lei que garanta a todos os cidadãos a possibilidade de serem proprietários de uma casa, sem prestações injustas e sem o intermédio da banca. Tudo de uma forma altruísta, demonstrando que é possível combater e mudar a actual situação de estrangulamento por parte da banca.
A Casa Pound Latina converteu-se assim num centro de assistência legal e fiscal, base para concertos musicais, lugar de encontro e debate cultural, centro recreativo para todos os habitantes do bairro, com livraria, biblioteca e sala de conferências e, o mais importante, tecto para cinco famílias italianas sem possibilidades de casa própria. Estudantes, idosos, famílias inteiras sem recursos, que o Estado abandonou e deixou na mais absoluta miséria. Casa Pound Latina é um projecto de cultura e liberdade, um farol de luz no meio da mais absoluta escuridão.
Ver edifícios, que até há pouco tempo se encontravam abandonados por milionários, agora recuperados e convertidos em habitações sociais para famílias necessitadas, é o maior argumento possível contra a usura. No entanto, perante tal vitória, os organismos e as instituições oficiais, em vez de tomarem esta grande iniciativa como exemplo, abrem um processo de despejo. Parece impensável, mas é verdade. A partir de 19 de Julho é provável que os inquilinos da Casa Pound Latina, cinco famílias sem lar, sejam desalojados. Pessoas de carne e osso que se confrontarão com a rua. E com eles os seus filhos, alguns deles sem lugar para onde ir nessa própria noite. Perante a impossibilidade de adquirirem uma casa própria e a brutalidade de rendas exorbitantes, perante o consentimento de um Estado, a justiça italiana reaje com o despejo destas famílias sem mais meios económicos que os que são oferecidos por uma comunidade militante solidária. É verdadeiramente imoral se este processo de despejo seguir em frente, uma prova de que o debilitado sistema de justiça europeu não tem qualquer reabilitação possível.
in: novopress
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