Uma família de quatro pessoas, pai, mãe e dois filhos, um deles com 10 anos e o outro com 16, anda em fuga há mais de uma semana com medo de serem mortos, na sequência de uma rixa ocorrida na semana passada, em Abrantes, provocada pela posse de um telemóvel.
O casal e os dois filhos estão num local secreto e só falam com familiares e com as autoridades por telemóvel, à espera de uma protecção policial que só pode ser determinada pelo Ministério Público, na sequência da respectiva queixa. Os perseguidores, residentes também na zona de Abrantes, fazem parte de uma minoria étnica. A própria GNR já contactou com o seu patriarca, para evitar incidentes graves.
No entanto, o pai e a mãe da mulher do casal já entretanto foram sovados, ao fim da tarde de quarta-feira da semana passada, tendo que receber tratamento hospitalar; ela no Hospital de Santa Maria, em Lisboa; ele em Abrantes. Um grupo invadiu a propriedade e residência da família em fuga, na aldeia de Abrançalha de Cima, a poucos quilómetros de Abrantes. "Como não encontraram a minha filha nem o meu genro nem os meus netos vingaram-se em nós", contou, ao JN, Ana, de 58 anos, com o rosto marcado pela violência, um olho negro, um osso da cara partido, o braço esfolado. O marido, João, de 60 anos, não ficou melhor, tem um vergão nas costas provocado por uma pancada de bastão e a cabeça com um profundo golpe que teve que ser suturado.
Tinham ido a casa da filha tratar da horta e dos animais e foram surpreendidos pelos atacantes. Testemunhas dizem que o grupo usava bastões e soqueiras metálicas e só fugiram depois dos gritos de socorro. "Porque é que nos fizeram isto? Nós não fazemos mal a ninguém", lamenta-se Ana.
O primeiro incidente ocorreu na noite de segunda-feira da semana passada, frente ao centro comercial Millenium, em Abrantes. O filho do casal, Luís, de 16 anos, estava com um amigo no centro comercial quando foi assediado por um menor, que lhe perguntava as horas. Ele disse que não tinha relógio e o garoto disse que podia ver o telemóvel. Houve recusa e a partir daí começou a discussão, seguida de pancadaria, com a chegada de familiares do menor.
O pai de Luís, António, de 40 anos, chegou entretanto também ao local e o jovem acabou por puxar de uma navalha, com que golpeou um dos quatro agressores. "O meu filho apenas quis defender o pai", contou Alexandra, de 35 anos, ao JN, através de uma conversa por telemóvel.
A PSP tomou conta do caso e os ferimentos foram todos ligeiros, resolvidos no Hospital de Abrantes, mas a verdade é que no dia seguinte, terça-feira, após várias ameaças, pai e filho foram a tribunal prestar declarações mas sob escolta da GNR. O regresso a casa foi feito da mesma forma, por determinação do Ministério Público de Abrantes, para evitar incidentes.
À tarde, António teve informações de que estavam a ser preparadas vinganças contra ele e a família e "só tiveram tempo de pôr umas coisas no carro e fugir", recordou Rosa, mãe de António. Fugiram praticamente com a roupa que tinham no corpo e algum dinheiro.
Mas se a família anda sob agitação, a aldeia inteira também. Abrançalha de Cima anda sob permanente tensão receando um banho de sangue. É que, diariamente, carros dos perseguidores percorrem a localidade, presumivelmente à espera do regresso da família-alvo. "Aparecem aí ao fim da tarde e à noite" apontou um popular, que pediu o anonimato.
Parte das incursões tem sido feita na área da aldeia, da responsabilidade da PSP, tendo as autoridades sido chamadas a intervir. Até agora não tem havido incidentes, mas há familiares da família em fuga que poderão vir a tomar atitudes mais radicais. "Eles andam sempre por aí e qualquer dia é dia. Se ninguém faz nada, fazemos nós".
http://jn.sapo.pt/2007/08/16/policia...a_temendo.html
nem tenho imagem para descrever esta merda...
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