A Verdade Liberta
(via O Fogo da Vontade)
(…) É talvez possível fazer as pessoas acreditarem em algo que é repetido frequentemente. O que não é possível é transformar algo que é falso numa verdade. E as afirmações do Governo sobre os benefícios económicos da imigração são falsas. Enquanto professor de economia examinei vários estudos sérios sobre os efeitos económicos da imigração.
Não há qualquer evidência, de nenhum deles, de que a imigração maciça gera grandes benefícios económicos para a existente população, como um todo. Pelo contrário, toda a pesquisa sugere que os benefícios ou são próximos de zero ou que os impactos são negativos.
A imigração não pode resolver a crise das pensões, nem resolver os problemas de uma população em envelhecimento, como os seus advogados tão frequentemente afirmam. Pode, no máximo, adiar a resolução do problema, porque, evidentemente, os imigrantes também envelhecem e precisam de pensões.
A injecção de largos números de imigrantes desqualificados na economia não beneficia o grosso da população de nenhum modo significativo. Beneficia as classes que têm amas e criadas, beneficia os empregadores que querem pagar salários baixos, mas não beneficia os trabalhadores nacionais pouco qualificados, que têm de competir com imigrantes dispostos a trabalharem arduamente por salários muito baixos, em condições desagradáveis.
Para os nacionais pouco qualificados resulta que só há duas opções: salários muito baixos ou desemprego. A economia torna-se dependente de um influxo constante de imigrantes dispostos a aceitar baixas remunerações e más condições de trabalho. É isso que os governantes querem dizer quando insistem que “alguns sectores baqueariam sem imigrantes”.
É bizarro que os partidos de esquerda, que continuam a insistir que são os partidos dos pobres e dos oprimidos, assumam uma política cujo propósito é a criação do que Marx chamou “exército industrial de reserva”: um conjunto de trabalhadores cuja presença assegura que as taxas salariais dos trabalhos menos qualificados possam ser mantidas o mais baixas possível.
Imigrantes altamente qualificados – médicos, cientistas, advogados, contabilistas, até desportistas profissionais – podem oferecer benefícios económicos ao todo social. As suas aptidões podem gerar riqueza, e pagam muito mais em impostos do que recebem em benefícios sociais do Estado. Mas a maioria dos imigrantes que chega de fora da U.E., e que contam ficar por cá permanentemente, não são altamente qualificados. Alguns não têm qualificações algumas.(…)
Os imigrantes não qualificados e as suas famílias são frequentemente receptores líquidos de impostos: as suas crianças são educadas em escolas públicas, são assistidos pelo sistema nacional de saúde, e beneficiam de subsídios quando não arranjam emprego. Os recém-chegados colocam uma pressão significativa no mercado habitacional e na provisão de serviços públicos nos bairros onde vivem os novos imigrantes: escolas e hospitais tornam-se congestionados e a habitação subsidiada pelo Estado torna-se mais difícil de obter.
Os sítios onde a maioria dos imigrantes consegue viver são geralmente já pobres: são forçados a congregar-se naquelas áreas onde a população nacional é já desfavorecida. Estas não são, é claro, as áreas em que os governantes e as classes que empregam amas e criadas escolhem comprar as suas casas. Isto pode explicar por que razão não parecem importar-se com o que ali acontece.(…)
O problema de fundo é que o Governo abraçou uma política que irá mudar completamente a natureza das comunidades em que vivemos sem que tenha consultado algum de nós.(…)
Tradução livre de um original do professor de Economia Robert Rowthorn, da Universidade de Cambridge, no The Daily Telegraph de 2/7/2006. Optei por não traduzir as partes que diziam exclusivamente respeito à realidade britânica assim como foram adaptadas, por abstracção, algumas expressões e referências que, sendo próprias dessa realidade, serviam para retratar processos que não lhe são exclusivos.
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