sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Fábrica de cerveja fecha e deixa 40 sem trabalho


José Anacleto tem 49 anos de idade e 34 a trabalhar na fábrica da Unicer de Loulé, onde participou na montagem do próprio edifício. Ontem foi surpreendido, como todos os 62 trabalhadores da fábrica, pelo anúncio do encerramento e consequente despedimento colectivo.

“Estou a pagar casa, carro, nós metemo-nos nos empréstimos e agora?” perguntava-se à saída da unidade da Unicer. A José Anacleto, a empresa propôs a recolocação, como a “um terço do total de trabalhadores” da fábrica, explica Alexandra Amorim, relações públicas da Unicer. Mas existem os problemas de mudar toda uma vida para Santarém ou Leça do Balio, onde a empresa tem as duas outras fábricas.

E se a um terço foi proposta a recolocação, cerca de 40 outros trabalhadores apenas têm como opção a indemnização que a empresa está a oferecer. Este encerramento faz parte de um plano de reestruturação da empresa que prevê a dispensa de 400 trabalhadores.

A Unicer paga um ordenado por cada ano de trabalho e, depois, um bónus de mais um quarto sobre o valor total. “Uma proposta acima do exigido por lei”, garantiu o presidente da Unicer, Pires de Lima, que assegurou que os trabalhadores dispensados terão “um tratamento especial”.

No entanto, para o Sindicato da Indústria da Alimentação e Bebidas (SINTAB) “o que importa é a defesa do emprego dos trabalhadores”, argumenta Carlos Rodrigues, dirigente da zona Sul do SINTAB.

Por isso, no plenário de trabalhadores, que se realiza, hoje, às 14h00, o sindicato vai propor “o enveredar por formas de luta para conservar os postos de trabalho”, adianta ainda Carlos Rodrigues. Quais serão essas formas de luta é ainda uma incógnita.

Ontem à tarde, à saída da fábrica da Unicer as opiniões dividiam-se. Entre aqueles que perto da idade da reforma aceitavam o facto como uma fatalidade. “Já se falava desta hipótese há vários anos”, admitiam. E os que se recusavam a compreender a decisão da empresa em encerrar a unidade. “A fábrica trabalhava praticamente a cem por cento”, defendiam. Pires de Lima disse que a fábrica de Loulé foi mantida a trabalhar “artificialmente”.

EMPRESA

LUCROS A TRIPLICAR

A Unicer espera triplicar os resultados líquidos em 2007, chegando aos 36,8 milhões de euros e subir as vendas líquidas em 10 por cento até aos 485 milhões de euros.

AJUDA

Aos trabalhadores a quem seja proposta a recolocação numa das duas outras fábricas do grupo e a aceitem é dada uma ajuda de seis mil euros para suportar a deslocação.

INVESTIMENTO

Para conseguir aumentar a produção nas fábricas de Santarém e Leça do Balio, de forma a não se notar o encerramento da unidade de Loulé, a Unicer vai investir na remodelação e modernização das fábricas que continuam abertas e vão assegurar o abastecimento ao Sul.

http://www.correiodamanha.pt/noticia...365&idCanal=11

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