quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Turquia é um bom vizinho, mas não é Europa


Giscard D`Estaing diz que «não há mais países para aderir à UE»

«A Europa está unida, não a dividam mais», afirmou esta manhã o antigo Presidente francês Giscard D`Estaing, que esteve no Porto para receber o Doutoramento Honoris Causa da Universidade Lusíada do Porto. O político, que teve um papel muito importante na integração europeia, esclareceu que para entrar na UE não basta querer, é preciso reunir um conjunto de características que se prendem com a identidade europeia.

D`Estaing afirmou até, que, neste momento, não há mais nenhum país que possa entrar, «talvez alguns países dos Balcãs, daqui a uns anos». De fora ficaria a Turquia que, para Giscard D`Estaing, «é um bom vizinho, um vizinho forte, mas não é Europa, é outra coisa».

Pai do Tratado Constitucional Europeu, que acabou pode ser abandonado, Giscard D`Estaing mostrou-se satisfeito com o texto do Tratado Reformador, a grande bandeira da Presidência portuguesa. «Não tem mais nada do que tinha o texto anterior e tem o essencial do outro». D¿Estaing faria apenas um «melhoramento»: introduzir a questão sobre os símbolos europeus, que estavam no Tratado anterior e foram omitidos neste.

O responsável acredita que o Tratado reformador será aprovado. «Somos 27, 25 estão a favor, penso que a Grã-Bretanha também acabará por aceitar. E não acredito que seja a Polónia a bloquear um texto que seja aprovado por todos os outros».

Durante o discurso, Giscard D`Estaing disse mesmo que, «os Estados-Membros têm direito a ter dúvidas sobre a integração europeia, o que não podem é atrasar o processo para todos os outros». E deu ainda uma solução à semelhança da que foi encontrada, por exemplo, para a moeda-única: «os estados podem definir o ritmo seguir, definir um estatuto especial. A integração é que não pode parar». Afirmou.

É importante esclarecer

Para Giscard D`Estaing, a União Europeia «não está a viver um bom momento» e se, em parte tem a ver com os problemas que a conjuntura económica tem acarretado a cada Estado-Membro, também tem a ver com a «confusão» acerca do que é pertencer à UE. «Os cidadãos não sabem bem o que a União Europeia lhes dá», disse D`Estaing. Mas esta confusão também se verifica ao nível político. «Os governantes dos Estados-Membros não sabem bem qual o papel que lhes compete a eles e quais os que são da competência das instituições europeias. O mesmo se passa com os responsáveis europeus».

Por isso, para D`Estaing é importante pôr fim ao «divórcio» entre os cidadãos e os responsáveis e, para que isso aconteça, é muito importante que todos saibam concretamente quais são os seus deveres e os seus direitos, é importante que «os textos sejam claros».


Ainda relacionado com o tema:

Presidente turco insiste na adesão à UE


O presidente turco, Abdullah Gul, pediu hoje, na sessão inaugural do novo parlamento do país, eleito a 22 de Julho, que sejam prosseguidas as reformas que visam facilitar a integração da Turquia na União Europeia, noticia a Lusa.
«Não tenho qualquer dúvida de que o parlamento desempenhará um papel primordial no prosseguimento e reforço das reformas», declarou.

O presidente dirigia-se aos parlamentares durante a sessão inaugural da assembleia saída das eleições antecipadas, convocadas após uma crise política desencadeada por um veemente campanha laica contra a candidatura de Gul, um antigo islamita, à presidência da República.

As eleições foram vencidas por larga margem pelo Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, no poder, oriundo do movimento islamita) a que pertencia Gul antes da sua eleição para a presidência.

A adesão de Ancara à UE sofreu um duro golpe em 2006, quando Bruxelas suspendeu as conversações sobre oito dos 35 capítulos de negociações que todos os países candidatos devem completar, depois da recusa de Ancara de abrir os seus portos a Chipre, país membro da UE não reconhecido pela Turquia.

Enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro governo do AKP, que ascendeu ao poder em 2002, Gul fez da integração na UE o seu principal cavalo de batalha, conseguindo lançar as conversações de adesão em Outubro de 2005.

fonte:
http://www.portugaldiario.iol.pt/not...513&div_id=291
http://www.portugaldiario.iol.pt/not...=291&id=860577

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