sexta-feira, 6 de julho de 2007

Algarve: «Terra de oportunidades " atrai fenómenos de pobreza

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O Algarve é das regiões do país com maiores índices de pobreza, mas esse fenómeno não surpreende os especialistas, que o atribuem ao facto de ser uma terra de oportunidades, as quais não chegam para todos.

"As regiões com mais atractividade, terras de oportunidades, atraem muita gente que procura a sua sorte, mas as oportunidades não chegam para todos e surgem então os fenómenos de exclusão", explica à Lusa Fernanda Rodrigues, coordenadora do Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI).

O Algarve atrai muita gente que, dado o dinamismo económico da região, procura uma oportunidade de trabalho, mas muitos não encontram um lugar, "alguns porque não têm o perfil adequado ou porque a procura de emprego não chega para o número de pessoas candidatas ao posto de trabalho", explica Fernanda Rodrigues.

Por outro lado, o Algarve sofre também do fenómeno da "litoralização" do território, com uma corrida para o litoral e a desertificação do interior.

"Algarve é Portugal deitado, temos o fenómeno do país retratado na região, as populações estão a movimentar-se para o litoral na busca de emprego, o interior está a desertificar, há uma tendência para todos procurarem emprego no litoral”, explicou à Lusa Jorge Botelho, director regional da Segurança Social do Algarve.

Na procura de trabalho, muitos milhares de cidadãos de nacionalidade estrangeira chegam ao Algarve e esse fenómeno permanece em tendência crescente.

Em 2000 existiam pouco mais de 23 mil cidadãos estrangeiros (legalizados) no Algarve, em 2005 esse número quadruplicou para mais de 85 mil estrangeiros.

O fenómeno da imigração é, portanto, uma das prioridades no âmbito do Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI), uma vez que estão identificadas situações de exclusão relacionadas com a população imigrante.

Em 1995 os índices de risco de pobreza monetária na região do Algarve eram semelhantes a outras regiões do país, mas em 2000 já o panorama era muito diferente.

Enquanto o Algarve quase manteve os índices de 1995 (25,3) em 2000 (25,2), todas as outras regiões evoluíram muito favoravelmente.

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Em 2000 o Algarve era a região de Portugal Continental (só os Açores (33,3) e a Madeira (33,1) tinham índices piores) com valor mais elevado (25,2), já que o Alentejo desceu de 27,1 para 22,3 e o Centro de 26,6 para 23,6.

Estão também identificadas várias situações de exclusão relacionadas com os imigrantes, têm salários mais baixos (mesma função), piores condições de habitação, dificuldades no acesso à educação/formação.

O Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI) prevê uma maior atenção à população imigrante, estando a decorrer pelo país várias reuniões técnicas, de iniciativa da sociedade civil, para aperfeiçoamento dos programas de combate à pobreza.

6 de Julho de 2007 | 08:02
lusa

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